segunda-feira, 25 de maio de 2009

Direcções



Ao velejar a favor do vento a velocidade relativa entre o barco e o vento torna-se nula e ao fechar os olhos nao sentimos nenhum deslocamento relativamente ao ar. Deixamos de sentir o vento completamente. É a forma mais simples de nos deslocarmos, simplesmente ser arrastados na direccao do vento.

A emocao comeca ao querermos chegar a um destino que esteja na direccao contrária ao vento. Nao podemos simplesmente enfrentar o vento de frente, temos de definir uma estratégia inteligente para lá chegar. Cedemos à direccao do vento até este nos permitir avancar numa direccao que contenha uma projeccao na direccao da que queremos ir. Sentimos toda a sua forca a contrariar-nos, sentimos muito mais velocidade relativa ao ar do que aquela que na realidade nos deslocamos na água. Cada pedaço de costa que vemos avançar é uma vitória pessoal e com esta luta constante chegamos ao destino que planeamos.

É engraçado como a vida se encaixa nesta metáfora. Podemos deixar-nos levar pelas circunstancias numa direcção que nao escolhemos, que pode eventualmente levar-nos a um bom sitio... mas é um risco talvez inconsciente que tomamos. A alternativa que temos é decidir o nosso destino e usar as circunstancias o melhor que conseguimos para o atingir, mesmo que isso signifique enfrentar o mundo de frente.