segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Diferenças

Isto passou-se há uma semana atrás. Um rapaz Indiano perguntou-me:

Ele: Tu és Portugues?
Eu: Para todos os efeitos sim..
Ele: Porque é que os Portugueses se riem do meu nome?
Eu: Sei lá, como é que te chamas?
Ele: Varada
Eu: Nao faço ideia...
Ele: Ok, obrigado
Eu (passado uns minutos): LOL Oh que c******

Isto é que é um post..ahh?

:) Enquanto lia este post da Andreia, lembrei-me das pessoas tambem do sul, que ao elogiar dizem sempre um "ahh?" no fim. Por exemplo:

Isto está mesmo bom, ahh?!
Fizeste um bom trabalho, ahh?!
Hoje estás muito bonita, ahh?!

O que será que pensam ao dize-lo? Deve ser algo do tipo:

"Sou mesmo eu que te estou a elogiar, olha diz aí o que achas do meu elogio, ahh?"

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Missao


J. van Genugten, 2004, Suica

Atingido por um raio de luz apenas sente o confortavel calor entre o ar seco e frio predominante nas encostas que o sol ja' nao ilumina. A sua vida esta' dependente do que sente. O que precisa e o que adora sao no fundo conceitos iguais. E' para ele mais importante sentir do que pensar. Apenas a sobrevivencia da especie se sobrepoe 'as suas emocoes. Sente cada rajada de vento, cada ramo sobre o qual pousa e a cada instante de repouso sente verdadeiramente o seu descanso. Vive cada dia como se este fosse o ultimo, nao se questionando sobre quando isso sera' verdade. Nao precisa, isso apenas alteraria a sua missao no mundo: Sobreviver.

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

5 segundos

Era apenas uma pessoa no meio da multidão que a cada paragem se alterava ligeiramente. Fixando sentado a janela do metro, esta alternava a sua imagem reflectida durante a passagem pela paisagem escura dos tuneis com a luz incadescente das paragens. Questionava-se porque manha apos manha acordava sem nenhuma reaccao, apenas seguindo a rotina de se levantar, vestir, ver o reflexo da sua ausencia de expressao no espelho e sair de casa em direccao ao emprego. O metro parou, cuzando-se com outro vindo da direccao contraria. A mesma expressao olhava para ele do outro lado enquanto se cruzaram. Os seus rostos levantaram-se segurando o olhar um do outro.. Levantando lentamente a mao ela tocou no vidro que a impedia de estender este mais longe. O coracao dele acelerou compreendendo subitamente as razoes que o levavam diariamente a seguir uma rotina, esta fazia parte de algo maior que idealizava na vida, que nesse momento sentia ter um significado. Enquanto o metro arrancava os seus olhares, ainda nao tinham percebido que aqueles seriam os ultimos momentos que alguma vez partilhariam.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Esperar

Quando apenas nos resta esperar pelo resultado de algo, pensamos se fizemos tudo o que poderiamos ter feito para atingir o resultado desejado. Podemos fazer tudo o que está ao nosso alcance, mas não mais. Nos tempos em que rezava, a sensação de poder controlar o incontrolável, de ter do meu lado alguem que tudo controlava fazia-me sentir que podia fazer mais que o que estaria ao meu alcance. Embora isto nos possa fazer sentir mais confiantes com os factores imprevisiveis, tirava a importância à realidade e a tudo o que poderiamos de facto controlar...

domingo, 13 de setembro de 2009

Para sempre

Dizem que a unica constante na vida é a mudança. Por mais que isto assuste e custe a aceitar, permite-nos ver tudo de uma forma diferente. Talvez o tudo se mantenha constante e a mudanca esteja em nós, na constante alteração da nossa posição que nos faz parecer o tudo diferente por apenas conseguirmos ver uma dimensao limitada deste, ou talvez somos nós que não mudamos enquanto tudo se altera. Poderá ainda ser uma combinação das duas que intensifica ainda mais a mudança. Talvez mudando à mesma velocidade do tudo nos faz sentir que este não muda, mas neste caso nada do que vemos nos parece novo e pouco crescemos relativamente ao mundo.

Penso que a maior segurança que temos são as coisas no tudo que sabemos que independentemente de onde estejamos existem para sempre. Tal como o tudo que vemos durante a nossa vida tem as suas constantes, como a velocidade da luz, ou aquelas que aos nossos olhos sao tambem constantes como a posicao relativa das estrelas, tambem nós podemos criar as nossas constantes, definindo aquilo que queremos que na nossa vida seja... para sempre.

Friday Night Skating Amsterdam

11 de Setembro de 2009, 8 anos depois do dia antes do exame de recurso de Cálculo II participei no Friday Night Skating em Amsterdão.



Sempre que escrevemos publicamente transmitimos a sensação de algo que sentimos a alguem. Procurando a combinação certa de palavras o espectro de sentimentos que temos a um dado momento é passa a existir momentaneamente em outra pessoa. Podemos também identificar o nosso espectro com o que alguem no passado nos descreveu.. e neste evento especifico, o estado transmitido está descrito aqui.

Delicadeza da perfeição

Sentada com as pernas cruzadas em cima da cama, olhou para as suas mãos. De uma forma mecanizada pegou na lima e com tres passagens em cada unha acertou a sua forma já perfeita. Levantando o seu olhar azul, focado no infinito, evitou criar uma linha entre outro qualquer. Sentia que algo lhe faltava... talvez a liberdade de poder não ser perfeita em algo que não a tristeza que este sufoco lhe trazia.

Bom dia Amsterdão

Algures nas redondezas de Utrechtsestraat, Ontem, Amsterdão

A mesma rua que todos os dias experimenta o ciclo das pessoas que sobre ela caminham, sente os tacões altos e as solas de couro que predominam durante a noite, os copos vazios que abundam espalhados na sua superfície, os ritmos e as conversas que por esta ecoam, sente finalmente a paz com os primeiros raios de luz.

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Emoções na infancia

Em pequeno ao ver os adultos questionava-me porque razão estes não brincavam uns com os outros. Tentava perceber como conseguiam falar tanto tempo, de como os via a gesticular à distancia. Nao compreendia como aquilo podia ser divertido. Era para mim mais divertido montar legos ou andar a correr ou fugir de alguém. Com o tempo aprendi a apreciar uma boa conversa e penso que os meu contemporâneos tambem. A partir de certa idade começou a deixar de ser socialmente aceite correr ou brincar às escondidas e vir de fato de treino e sapatos para a escola. Apesar de provavelmente ainda terem vontade, os grupos mais velhos que eram exemplo para nós, não o faziam. Penso agora que apesar de uma boa conversa trazer algumas emoções, nada é tão emocionante como dizer alto para fugirmos de alguem e correr como se a nossa vida dependesse disso. Talvez nessa altura não pensássemos e apenas reagissemos. Talvez um segundo de hesitação da vitima faria com que esta nao corresse atrás evitando que no futuro a brincadeira funcionasse. Hoje fazemos na mesma parvoices, mas precisamos talvez de uns copos para nos fazer recordar as coisas com que realmente nos divertiamos...

Emoções pela rede

Disseram tudo o que queriam envoltos no silêncio, sem dizer uma palavra. Sentiram o silencio tao forte à sua volta que este se transformou num zumbido agudo nos ouvidos. Ele não aguentava mais falar sem a ouvir. Bateu com forca em cada tecla para sentir a realidade enquanto lhe escrevia a ultima mensagem. Faltava-lhe ouvir-la dizer o que lhe escreveu, uma imagem nao substituia sua voz. Sempre pensou que a rede apenas transferia palavras até que sentiu as lágrimas dela sairem pelos seus olhos. Fechou-os o mais forte que conseguiu para evitar que ela chorasse apertando a palma da mao contra os olhos. Olhando com estes trémulos, reparou que nao conseguiu evitar encharcar as maos com as lágrimas dela.